quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Encontro com Ruy de Carvalho e Élvio Camacho



Ontem, falou-se de Teatro na Escola Secundária Jaime Moniz. Mas não só. Falou-se também de cultura e arte, de experiências, de emoções (fortes, bonitas, à flor da pele, íntimas) pelas vozes de Ruy de Carvalho e de Élvio Camacho.
Os dois não se vão importar por tratá-los apenas por Ruy e Élvio. Pois numa sala, ainda que pequena, demasiado pequena para sentimentos tão grandes, foi como se só estivessem lá o Ruy, o Élvio e eu. E eles falaram para mim.
O Ruy tem 85 anos e quase 70 de carreira, mas conserva uma jovialidade na maneira de falar e na forma como expressa emoções. Como se estivesse a começar e todas as personagens do mundo à frente. E ainda tem aquela genialidade de num momento estar a falar e a explicar qualquer coisa e de repente ser uma personagem do "Monólogo do vaqueiro" de Gil Vicente. Como só os grandes atores conseguem fazer, com naturalidade mas sendo um ato mecanizado, que exige trabalho e suor, para não falar na dedicação e no amor por aquilo que se faz. Como o próprio disse, qualquer boa improvisação pode requerer seis meses de trabalho e ensaio.
E depois há o Élvio. Há aquele brilho nos olhos, que só ele tem, onde a emoção está presente na ação e a ação é um constante amor  que dedica ao teatro. Com todas as personagens dentro dele à espera para sair e terem existências em palco, por mais breves que possam ser. Pertencendo a uma geração diferente à do Ruy, o Élvio tem aquele je ne sais quoi  que o Ruy também tem, lá está, aquela emoção presente nos olhares, nos gestos e nas memórias, nos desejos para o futuro, nos receios que o presente acolhe. 
O Ruy e o Élvio falaram para mim, numa sala cheia de gente, os dois juntos, as suas memórias e as suas vidas, em palco e fora dele. Os dois, de camisa branca...

sábado, 15 de setembro de 2012

Manifestação por um país mais próspero




Não participo numa manifestação de rua há muitos anos. Desde os meus tempos de faculdade, em que os estudantes de Coimbra saíam à rua para exigir melhores condições para os estudantes e possibilidades justas para tirarem uma licenciatura e terminarem os seus estudos com dignidade e com rigor. Como em qualquer país civilizado acontece. Se esses objetivos foram atingidos ou não, se essas manifestações cumpriram os seus propósitos ou não, uma ida às universidades e falar com os estudantes que desistiram dos seus estudos por não terem possibilidades para tal poderá dar umas pistas.
Mas hoje vou. Às 17h, na praceta do Infante, no Funchal. Vou porque não acho que estamos a viver tempos justos e equitativos. Vou porque acho que estão pessoas no meu país a passar fome, estudantes que não conseguem estudar porque não lhes é dada essa possibilidade, porque há pais e mães a roubar em supermercados para apenas dar de comer aos filhos, porque estão a retirar a quem menos tem os meios para terem alguma dignidade no seu dia a dia, porque estão a faltar medicamentos nos hospitais e há cirurgias importantes que não estão a ser realizadas por falta de dinheiro, porque há idosos que morrem em casa abandonados porque o estado social não está a cumprir as suas funções, porque me estão a exigir dinheiro e a aumentar impostos para pagar a credores mal intencionados e que se aproveitam das dificuldades dos estados fragilizados e apanhados com as calças na mão, porque esta geração mais nova que está agora a crescer e a estudar viverá pior do que eu. E isto é uma inversão abjeta do que deve ser o normal devir de uma sociedade: contribuir para que as gerações seguintes vivam melhor que a nossa. E isso não está a acontecer. Por isso vamos à rua, vamos unir vozes e mandar uma mensagem pacífica, mas forte e cheia de significado a quem nos governa (mal) para que alguns rumos seguidos sejam invertidos e para que nos guiem no caminho do crescimento e do progresso.
Ficam aqui as localizações onde se irão realizar estas manifestações no todo nacional (e não só):

Lisboa: Praça José Fontana às 17h
Porto : Avenida dos Aliados às 17h
Portimão: em frente à Câmara Municipal às 16h
Viseu: Rossio às 17h
Aveiro: Em frente à estação de caminhos de ferro às 17h
Guarda: Praça Luís de Camões às 17h
Braga: Avenida Central às 15h
Coimbra: Praça da República às 17h
Loulé: Mercado de Loulé às 17h
Vila Real : junto à Câmara Municipal às 17h
Covilhã: Pelourinho às 17h
Marinha Grande: Parque da Cerca às 17h
Moncorvo: Torre de Moncorvo - Largo da Corredoura às 17h
Leiria : Fonte Luminosa às 15h
Caldas da Rainha: Largo da Câmara (em frente ao tribunal) às 15h
Faro: Largo da Pontinha às 17h
Portalegre: Praça da República às 17h
Castelo Branco: em frente à Câmara Municipal às 17h
Beja: Praça da República às 17h
Figueira da Foz: em frente à Câmara Municipal às 15h
Santarém: em frente ao W Shopping às 17h
Évora: Praça do Giraldo às 17h
Lamego: Monumento ao Soldado Desconhecido "Chico do Pinto"às 17h
Mogadouro: Parque da Vila às 17h
Peniche: Praça Jacob Rodrigues Pereira às 17h
Santa Maria da Feira: em frente à Câmara Municipal às 17h
Setúbal : Praça do Bocage (em frente ao município) às 17h
Sines : Rossio às 17h
Nisa: Praça da República (junto à Biblioteca) às 17h
Ponta Delgada: Portas da Cidade às 16h
Funchal : Praceta do Infante às 17h
Berlim (Alemanha): Zimmerstrasse, número 56
Fortaleza (Brasil): Rua Desembargador Leite Albuquerque, 635 Sala 402
Londres (Inglaterra): Embaixada Portuguesa (11 Belgrave Square London)
Paris (França): Embaixada de Portugal (3 Rue de Noisiel)
Nos EUA e Canadá não haverá uma manifestação presencial, mas cada um é convidado no evento a fazer cartazes de indignação e fotografias e colocar durante o dia de amanhã no Facebook.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Prémio merecido ao grupo O Moniz - Carlos Varela e o congresso regional de educação artística




Foi uma atribuição mais do que merecida. O grupo de teatro escolar O Moniz - Carlos Varela foi presenteado com o prémio "Educação Artística 2012" na cerimónia de abertura do III Congresso Regional de Educação Artística, que decorreu na EB 2/3 Horário Bento de Gouveia, nos dias 11 e 12 de setembro, e foi organizado pela direção de serviços de educação de educação artística e multimédia da DRE.
A professora Fernanda Freitas subiu ao palco, acompanhada por um membro do conselho executivo da referida escola, para receber o galardão das mãos do secretário regional da educação e recursos humanos e teve oportunidade de referir que a entrega daquele prémio constituía um merecido reconhecimento pelo trabalho realizado ao longo de vinte e dois anos de existência, assim como uma homenagem às muitas pessoas que ao longo dos anos contribuíram para a qualidade dos trabalhos a que este grupo nos habituou.
Queremos mais vinte e dois anos!
Quanto ao congresso em si, ao longo de dois dias, debateu-se a educação artística em várias vertentes. Muitas das comunicações foram interessantes no sentido de divulgar e dar a conhecer algumas práticas de sucesso e alguns projetos aliciantes e inovadores em algumas escolas, não só regionais, mas também nacionais.
Se momentos houve em que se poderiam ter evitado as óbvias e muito fáceis tentações "populistas" de transmitir aos participantes e à comunicação social mensagens políticas de reduzido valor e nenhuma eficácia, em nada contribuindo para a causa da educação artística que todos deveria unir, tentando monopolizar plateias em funçao de objetivos pouco claros,  a troca de experiências acaba sempre por ser uma mais valia e um enriquecimento para os participantes.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

A aflição dos professores

Aposto que é assim que muitos professores se sentem nos últimos tempos, não só a nível nacional, mas também cá na RAM. 
Se no todo nacional as más notícias verificaram-se e muitos professores contratados, alguns deles com largos anos de serviço, encontraram o desemprego como perspetiva de curto e médio prazo, a verdade é que cá na Madeira a aflição continua. 
Segundo o calendário oficial, sai amanhã, dia 6 de setembro, a lista de contratação da RAM, mesmo que já nos últimos dias tenham soado alguns alarmes na comunicação social e algumas notícias aparecidas pela calada a anunciar cerca de 200 professores desempregados (número que, como se constata, é bem preocupante para uma realidade como a nossa).
Nos anos anteriores, em que esses professores estiveram colocados e a cumprir funções em prol da educação e do ensino dos nossos jovens, não se levantaram vozes a denunciar um número excessivo de professores. Agora, como o discurso da crise é desculpa para todos os atropelos que se fazem à dignidade das pessoas e para a redução de custos a torto e a direito, já há professores a mais, que não fazem falta, e que devem ir para o desemprego. Não são necessários para nada. Não precisamos desses profissionais para nada. Por isso, rua! As escolas vivem bem sem eles, com alunos mal nutridos, sem capacidade de concentração, sem apoio familiar (uma vez que as famílias se desfazem, se não por problemas de funcionalidade familiar, por motivos económicos e financeiros), mas o problema do país está de facto nos professores.
Conheço alguns destes professores. Já trabalhei com muitos a quem reconheço elevadas capacidades pedagógicas e brio no exercício das suas funções. Incomoda-me não poder ajudar nem fazer nada, principalmente quando há muitas ideias pré-concebidas sobre as realidades das escolas, como se estes professores não fossem necessários. Mas são. E muito! Não é a quantidade que fará com que terminem os problemas da educação e do ensino em Portugal, mas com medidas destas damos passos atrás quando o caminho é para a frente.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Calendário escolar 2012 - 2013


Provavelmente não venho dar novidade a ninguém, mas cá fica para os mais distraídos o calendário escolar para 2012 - 2013 na RAM.

Alberto João Jardim Atingido por Copo de Cerveja

  
Começa assim o mês de setembro. Alberto João jardim foi ontem atingido por uma cerveja na Festa da Uva, no Porto da Cruz. Uma boa maneira para regressar o trabalho do presidente do governo regional da Madeira, uma vez que estava muito calor, ele estava de fato e o popular, certamente com pena, atirou-lhe uma cervejinha para que se refrescasse.

sábado, 1 de setembro de 2012

Setembro e o regresso à realidade dos professores


Esta imagem é sintomática: alguém de costas (a dar as costas, deram-lhe as costas ou ainda querem vê-la pelas costas?) com uma t-shirt preta, a sinalizar o luto e a angústia que milhares de professores sentem por esta altura todos os anos quando saem as listas de colocação. Nas costas lê-se, num branco vivo a contrastar com o fundo preto, uma afirmação / declaração de um estado de espírito que tenta não esmorecer: "SOU PROFESSORA"! Uma quase declaração de guerra, uma vontade que tenta não esmorecer e dizer: estou aqui para cumprir as minhas funções, estou aqui para ensinar! Ao ombro esquerdo, do lado do coração, uma mala de mulher, um quase símbolo daquilo que todos temos de pessoal, uma marca da nossa vida privada que nos acompanha e que é também uma responsabilidade; na mão direita, uma pasta, que poderíamos interpretar como a vida profissional da qual os professores não se conseguem desligar, essa responsabilidade de educar e ensinar, essa vontade de contribuir para a formação dos jovens - tarefa não pequena! - que é um pouco daquilo que somos: somos professores. 
Esta professora está parada, aguarda, provavelmente observa, acompanha outros que não sabem também como será o dia de amanhã. Pensam nas famílias que têm de sustentar, refletem sobre as suas escolhas profissionais, sobre o desejo e o gosto que é ensinar - e aprender, não há professor que não aprenda qualquer coisa com os seus alunos, e se disser o contrário, mente - escondem a angústia da incerteza de não saber como serão os tempos próximos.
Soube-se ontem que houve menos 5147 professores colocados. Não são necessários e serão, por isso, dispensados como uma t-shirt velha que já não cumpre as suas funções. 
Não é um concurso de professores contratados que resolve os desafios da educação e do ensino, isso é inegável. Não é por ter mais professores colocados que os alunos irão aprender mais. Há todo um trabalho ainda por fazer e, para mudar o atual estado de coisas, há decisões difíceis a tomar. Provavelmente reduzir o número de professores, que poderiam contribuir para enriquecer as escolas, não é uma boa ideia. Um país que ainda não percebeu que a educação - ou a falta dela - são um dos pilares fundamentais de uma sociedade e de uma cultura não terá um futuro muito risonho. Aos professores, coragem!