27 de março - Dia Mundial do Teatro

Tive uma bonita surpresa ao procurar uma imagem, no Google, sobre teatro, para acompanhar este reminder de que hoje, 27 de março, se comemora o Dia Mundial do Teatro. Uma das imagens que me surgiu foi esta, precisamente da minha estreia em palcos, no Teatro Municipal Baltazar Dias, com "O Avarento", de Molière, com a Companhia Contigo Teatro, em 2003. Não podia ter começado de melhor maneira, com um grande texto de um grande escritor, com um desafio recheado de receios, de surpresas, mas de muitas alegrias e de pessoas bonitas à minha volta.

Deixo também aqui a mensagem deste ano, a cargo de Dario Fo:

"Há uns anos atrás, o PODER, no máximo da sua intolerância, escorraçou os  artistas dos seus países. Hoje em dia, os atores e as companhias sofrem com a  dificuldade de encontrar espaços, teatros e público; tudo por conta da crise. 

Os governantes já não se preocupam em controlar quem os cita com ironia e sarcasmo, uma vez que os atores não têm espaços nem publico que os veja. 

Contrariamente ao que acontece hoje, no período da Renascença em Itália, os governantes tiveram enormes dificuldades em controlar os atores e comediantes que conseguiam mobilizar a sociedade para assistirem aos seus espetáculos.

É sabido que o grande êxodo dos comediantes aconteceu no século da Contra Reforma, quando foi decretado o desmantelamento de todos os espaços teatrais, especialmente em Roma, por serem acusados de desrespeito à cidade santa. O Papa Inocêncio XII, pressionado pela ala mais conservadora da burguesia e dos altos representantes do clero, ordenou em 1697 o encerramento do Teatro de Tordinona por se considerar que, neste local, diziam os mais moralistas, se faziam espetáculos considerados obscenos. Na época da Contra-Reforma, o Cardeal Charles Borromée, no norte de Itália, divulgou a consagração da redenção das “crianças milanesas” estabelecendo uma clara distinção dos nascidos na arte, como expressão máxima de educação espiritual, e o teatro, manifestação de profanação e leviandade. Numa carta  endereçada aos seus colaboradores, que cito de memória, o Cardeal Charles Borromée exprime-se mais ou menos nos seguintes termos: “Nós que estamos empenhados em exterminar a planta maligna, tentaremos, lançando fogo aos textos e discursos infames, fazer com que estes se apaguem da memória dos homens, do mesmo modo que perseguiremos todos aqueles que teimem em divulgar os textos impressos. Sabemos que, enquanto nós dormirmos, o diabo estará atento, com atenção redobrada. Então, o que será mais premente, o que os olhos vêem ou o que se pode ler nos livros? O que será mais devastador para as mentes dos adolescentes e crianças, a palavra proferida com gestos apropriados, ou a palavra morta, impressa nos livros? É urgente expulsar das nossas cidades as gentes do teatro, tal como já fizemos com os espíritos indesejáveis”.

Logo, a única solução para a crise reside na esperança de uma grande caça às bruxas que estão contra nós, e sobretudo contra os jovens que querem aprender a arte do Teatro: só assim nascerá uma nova geração de comediantes que aproveitará desta nossa experiência e dela tirará benefícios inimagináveis na procura de novas formas de representação. "

Irene Lucília nos encontros literários da Contigo Teatro

A escritora Irene Lucília irá estar presente nos encontros literários que a companhia Contigo Teatro está a organizar nos dias 26 e 27 de abril de 2013.

Irene Lucília Andrade nasceu no Funchal em 1938. Frequentou a antiga Academia de Música e Belas Artes da Madeira. Em 1968 licenciou-se em Pintura pela Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa. No entanto, a atividade profissional que seguiu então foi a rádio - o Posto Emissor do Funchal -, para a qual realizou vários programas e até teatro radiofónico. De então para cá, dedicou-se essencialmente à pedagogia e a diversas áreas culturais, tendo já disponível uma variada bibliografia. Realce para os seus livros "A Mão que Amansa os Frutos" (1991), "Estrada de um Dia Só", "Protesto e Canto de Atena" e "Água de Mel e Manacá", ambos de 2002, no domínio da Poesia.

Morreu o escritor e ensaísta Óscar Lopes

Faleceu hoje, aos 95 anos, o escritor, ensaísta e crítico literário Óscar Lopes.

Nascido em 1917, em Leça da Palmeira, mudou-se para Lisboa aos 19 anos, onde estudou Filologia Clássica, formação complementada anos mais tarde em Coimbra com cadeiras Histórico-Filosóficas.

Homem de muitas paixões, tais como a música, irá ficar associado sempre a muitas obras de referência relacionadas com a literatura, tal como a grande História da Literatura Portuguesa, em parceria com António José Saraiva, obra pela qual ainda muitos estudantes estudam literatura no nosso país. Também na linguística se destaca a Gramática Simbólica do Português. 

Foi militante do Partido Comunista desde 1944, tendo sido preso por duas vezes durante o Estado Novo.

Chegou a escrever poesia quando novo, para além de ter tentado o romance (curiosidade: era irmão de Mécia de Sena, irmã do escritor Jorge de Sena).

Muito mais se poderia dizer deste grande vulto da cultura portuguesa. Não tenho a pretensão de fazer uma biobiliografia aturada, mas custa sempre ver um pouco da cultura de Portugal a perder-se. 

Dia Mundial da Poesia

 

 

Hoe é dia de lembrar a poesia, mesmo que a poesia não precise de um dia para ser celebrada.

Deixo-vos uma lembrança de Fernando Pessoa na voz de João Villaret: "Autopsicografia".

Élvio Camacho convidado nos encontros literários da Contigo Teatro

É sem dúvida mais um nome a enriquecer os encontros literários "Ler com Amor" que a Companhia Contigo Teatro está a organizar para os dias 26 e 27 de abril: Élvio Camacho.

Para quem se habitou, desde muito cedo, a vê-lo trabalhar, torna-se difícil descrevê-lo ou traçar-lhe uma biografia que reflita a riqueza de experiência e a multiplicidade de emoções que o Élvio desperta. Como ator, como encenador, como "escrevente" no DN Madeira, como professor, como pessoa... Teremos oportunidade de ouvi-lo em breve, felizmente.

Sofia Maul nos encontros literários organizados pela Contigo Teatro

Mais uma presença confirmada nos encontros literários que a Contigo Teatro está a organizar para os dias 26 e 27 de abril de 2013: Sofia Maul.

Nada melhor do que ler e ouvir as suas próprias palavras:

“Nasci na Madeira a 16 de novembro de 1973 e sou tradutora desde 1974, terapeuta da fala desde 2000, mãe desde 2009, escutadora de histórias desde sempre, contadora de histórias desde 1975 e contabandista desde 2006. Desde 2004 também faço parte da bolsa de contadores da Biblioteca Municipal de Oeiras, onde fiz variadas formações no âmbito do projeto Histórias de Ida e Volta. Outras atividades importantes para o meu percurso foram workshops de clown e mímica e viagens que fiz para ouvir contar e contar (Irlanda, Espanha, Reino Unido, Itália e Bélgica). E isso é o que me empurra como contadora: ouvir e ler e escrever e trabalhar e partilhar contos para construir repertório para poder viajar para ouvir mais contos...” .

(retirado de http://narracaooral.blogspot.pt/2010/05/sofia-maul.html).

Olinda Beja no Funchal

Esta autora estará em  breve no Funchal, nos encontros literários que a Companhia Contigo Teatro está a organizar. Novidades em breve. Deixo-vos um pouco de magia com as palavras...

QUEM SOMOS?

O mar chama por nós, somos ilhéus! 
Trazemos nas mãos sal e espuma 
cantamos nas canoas 
dançamos na bruma

somos pescadores-marinheiros 
de marés vivas onde se escondeu 
a nossa alma ignota 
o nosso povo ilhéu

a nossa ilha balouça ao sabor das vagas 
e traz a espraiar-se no areal da História 
a voz do gandu 
na nossa memória...

Somos a mestiçagem de um deus que quis mostrar 
ao universo a nossa cor tisnada 
resistimos à voragem do tempo 
aos apelos do nada

continuaremos a plantar café cacau 
e a comer por gosto fruta-pão 
filhos do sol e do mato 
arrancados à dor da escravidão

Poema retirado da obra Aromas de Cajamanga

Sugestão para os próximos dias: TEATRO

Se, muitas vezes, gastamos alguns tostões em circunstâncias pouco dignificantes e signiticativas, em vez de ir passar a noite inteira encafuado nas mesmas discotecas e bares, ou beber cerveja atrás de cerveja e poncha atrás de poncha, ou antes de comprar mais uma carteirinha de cigarros, ou ainda simplesmente porque SIM, por que não uma ida ao teatro nos próximos dias? Diz que vai chover e tal, mas dentro de uma sala de espetáculos, tudo pode acontecer. E boas sugestões não faltam: depois de uma semana inteira onde o teatro escolar foi rei, no XXI Festival de Teatro Escolar Carlos Varela, este fim de semana promete.

No Cineteatro Santo António, este fim de semana, o último em que se encontra em exibição, temos "Dramas e Papaias", pelo TEF e Companhia Quandoéquetecalas??!!!??? Teatro. Os espetáculos são às 21h, à exceção do domingo, que é às 18h. O preço também convida: 5 euros (para estudantes é mais barato).

Amanhã tem início a edição de 2013 do Amo_Teatro, encontro que irá até 27 do corrente mês. Espetáculos diversificados para públicos de vários gostos e de diversas tendências, com grupos regionais e não só, que prometem serões bem passados. 

É só escolher e deixar-se de desculpas!

Papa Francisco

Chama-se Jorge Bergoglio, tem 76 anos, é argentino e foi eleito Papa no dia 13 de março de 2013 (curiosa coincidência a data apresentar o número 3 da Santíssima Trindade  no dia do ano, do mês e do dia, 13/3/13, como também é curioso o facto de o conjunto destes números da data somarem o número... 13).

Não sou propriamente a pessoa mais religiosa do mundo a não fui ainda abençoado com o dom da fé, pelo que a minha curiosidade em relação a este homem de quem quase nada conheço tem a ver com a expetativa  que se coloca a alguém no comando da maior instituição mundial, a Igreja Católica.

Pela escolha original do nome - Francisco -, pelo facto de ser o primeiro Papa da América do sul e oriundo de fora da Europa desde há séculos, pelo facto de ser o primeiro Papa jesuíta, pela sua primeira abordagem humilde, apenas vestido com a simples batina branca, sem qualquer outro adereço de maior, pelo facto de se ter dirigido à cidade e ao mundo pedindo que rezassem por ele e curvando-se diante dos fiéis que o esperaram debaixo de chuva, depreendo que quis deixar algumas mensagens de que algo irá mudar.

Também achei curiosas algumas reações espontâneas que foram surgindo nas redes sociais, provavelmente de muita gente que quase nunca pôs os pés numa igreja ou de muitos cínicos descrentes nas possíveis qualidades do ser humano: nada de novo, um velho, conservador, jesuíta e pouco mais... Não se ganham batalhas assim e a Igreja não se modifica com críticas que vão pouco além do boçal e da ignorância.

Há batalhas que devem começar por dentro e com conhecimento de causa. Não sei se será o Papa ideal para os desafios que o mundo enfrenta (sim, o mundo, quem não suspeita da real influência e do verdadeiro peso desta enorme instituição por todo o mundo anda muitíssimo alheado da realidade).

Não pretendendo entrar no debate a favor ou pró Igreja (penso que, assim colocada, a questão perde qualquer fundamento), mas tenho a noção de que a Igreja tem assuntos sérios a resolver consigo mesma. 

Algumas curiosidades sobre o novo Papa, segundo comentários de quem o conhece: não gosta de viajar, é sócio do clube de futebol de San Lorenzo, fez um trabalho importante numa paróquia num sítio esquecido na Argentina profunda, já desempenhou vários cargos administrativos na Cúria romana, mas é um pouco outsider à maquina burocrática do Vaticano, foi rival de Ratzinger no anterior conclave, tendo ficado em segundo na votação, não mostra grande abertura às minorias, como os homossexuais, chegando mesmo a ter afirmado que a homossexualidade é "um plano de Satanás para enganar os filhos de Deus"... 

Enfim, poderia encontrar muitas mais curiosidades e outros indícios que ajudassem a descortinar como será este homem enquanto Papa (lembremos que normalmente a atitude e a palavra de um Cardeal modifica-se quando assume o papado). Só o tempo o dirá; esperemos que traga brisas de primavera e que as janelas que hoje se abriram deixem entrar um ar de renovação que limpe o rosto da Igreja e que a leve a dedicar-se às causas mais nobres do humanitarismo para o qual deveria estar inteiramente dedicada.

XXI Festival de Teatro Escolar Carlos Varela

Esta semana, de 11 a 15 de março, decorre o XXI Festival de Teatro Escolar Carlos Varela, no Liceu Jaime Moniz, que já nos habitou, ano após ano, à divulgação do (bom) teatro escolar que se vai fazendo pelas escolas da RAM, com a dedicação de alunos e professores que não cruzam os braços e que persistem em prol da expressão dramática.

O espetáculo inicial, "Grease", inspirado no célebre filme com o mesmo nome, foi um bom augúrio para os dias que se seguem, cujo calendário em baixo se apresenta.

10º Encontro Nacional da Associação de Professores de Português.

É já hoje que começa, no Auditório do Alto dos Moinhos, em Lisboa, o 10º Congresso Nacional da APP com o tema "Há conversa com o programa de Português, que remete automaticamente para a importância do oral no espaço de sala de aula.

Abaixo pode consultar o programa detalhado do encontro que acontece nos dias 8 e 9 de março.

http://www.app.pt/docs_app/encontros/10ENAPP_desdobravel.pdf

Manifestação 2 de março de 2013

Queria escrever as razões pelas quais me apetece sair à rua mas não sei por onde começar, o que, só por si,   seria já uma razão suficiente. Por isso, mesmo sem razões enumeradas e com muitas razões sentidas, com a consciência de que o que nos está a acontecer ultrapassa-nos enquanto país, mas com a convicção de que valemos mais do que aquilo que nos querem fazer crer e que temos a capacidade de ultrapassar os piores momentos de que temos memória, certo de que vou não protestar por tudo e por nada mas mostrar que somos um país de energia(s) e cheio de possibilidade, saio para dizer que ainda vale a pena andar por aqui e que este país é simplesmente fantástico.