terça-feira, 28 de maio de 2013

Mia Couto - Prémio Camões 2013


Com um dia de atraso, mas não podia deixar passar em branco a atribuição do Prémio Camões 2013 a Mia Couto. Merecido? Sem dúvida.
Sendo o segundo autor moçambicano a ser reconhecido com o prestigiado prémio (Craveirinha, em 1991), o autor de muitas e belíssimas obras na língua portuguesa mostrou-se surpreendido, mas contente com o reconhecimento.
Segundo se lê na edição on line do Público, "A obra de Mia Couto, “inicialmente, foi muito valorizada pela criação e inovação verbal, mas tem tido uma cada vez maior solidez na estrutura narrativa e capacidade de transportar para a escrita a oralidade”, (...) conseguiu “passar do local para o global”, numa produção que já conta 30 livros, que tem extravasado as suas fronteiras nacionais e tem “tido um grande reconhecimento da crítica”. Os seus livros estão, de resto, traduzidos em duas dezenas de línguas."
Mia Couto nasceu em 1955, na Beira, numa família de emigrantes portugueses. Iniciou os estudos de Medicina na Universidade de Maputo (na altura, Lourenço Marques). Integrou o movimento de independência de Moçambique mas, depois do 25 de abril, interrompe os estudos e vira-se para o jornalismo. Em meados de 1980, regressa à universidade e forma-se em Biologia.
Na sua carreira, foi também acumulando distinções, como os prémios Vergílio Ferreira (1999, pelo conjunto da obra), Mário António/Fundação Gulbenkian (2001), União Latina de Literaturas Românicas (2007) ou Eduardo Lourenço (2012).
No seu desejo de contar histórias, apercebeu-se que o português era transformado em Moçambique, o que o levou a procurar transgredir, com cada vez maior à vontade, o padronizado e a língua vista como uma "grande dama": a riqueza da criação poética está na transgressão. Nesse sentido, apareceram obras, como A Varanda do Frangipani (1996), Um Rio Chamado Tempo, Uma Casa Chamada Terra (2002 – que o realizador José Carlos Oliveira haveria de adaptar ao grande ecrã), O Outro Pé da Sereia (2006), Jesusalém (2009), ou A Confissão da Leoa (2012).
O reconhecimento é comum a muitos dos escritores da língua portuguesa, em vários continentes. Agora toca a procurar um livro e começar a ler.

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