Nos Estados Unidos da América, em plena campanha eleitoral, um dos temas que reaparece frequentemente na ribalta é o do casamento entre pessoas do mesmo sexo, o chamado casamento gay. Nesta pré-campanha, em pleno século XXI, quando se vivem tempos conturbados pelas mais diversas razões e quando as realidades se alteram a um ritmo que nos deixa estonteados, o tema voltou em força, ora para distrair as mentes dos problemas económicos e financeiros, ora porque sim, porque há nos EUA uma (ultra)direita conservadora perigosa bem enraizada na maneira de ser daquele povo e que me faz pensar, por vezes, que nunca gostaria de ser americano. Como é que um povo que tanto deu ao mundo, capaz do melhor nos momentos decisivos, deixa germinar e florescer no seu interior, na América mais pura e profunda (mesmo sabendo que é essa a América mais conservadora e menos aberta a liberdades fundamentais do indivíduo, presa a uma religião marcante com uma influência direta no dia a dia das pessoas), ideias tão retrógradas e abdica dos ideais que advoga querer espalhar pelo mundo? Até o presidente em exercício já veio dizer que defende a possibilidade de pessoas do mesmo sexo poderem casar. Nada mais óbvio (até para Portugal!), mas na América caiu o Carmo e a Trindade (se o Carmo e a Trindade fossem americanos, mas não são, pelo menos ainda, nem dos chineses, pelos vistos, que parece que andam a comprar a metade do mundo que ainda não lhes pertence).
Ora, a polémica que surgiu foi esta: Dan Cathy, dono da empresa de frango frito Chick-Fil-A, convidou os seus concidadãos que defendessem o casamento tradicional e a real influência da Igreja Católica contra o casamento gay que entrassem e que comprassem uma sandes de filete de frango. A direita americana entrou em polvorosa, desde ex-candidatos presidenciais a outras figuras conservadoras, apoiando a ideia. Resultado: as lojas, que não abrem ao domingo porque a religião não o permite, encheram e os consumidores, ao comprarem a sua sanduíche, advogam a defesa da Igreja e defendem a sua primazia na vida pública e política.
Os movimentos a favor dos direitos das minorias já se mobilizaram para boicotar a iniciativa e realizaram uma série de protestos frentes a estas lojas. Alguns presidentes de câmaras, nomeadamente Boston e S. Francisco, também já se manifestaram.
Há dias em que me parece que o mundo dá passos atrás.
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