sábado, 1 de setembro de 2012

Setembro e o regresso à realidade dos professores


Esta imagem é sintomática: alguém de costas (a dar as costas, deram-lhe as costas ou ainda querem vê-la pelas costas?) com uma t-shirt preta, a sinalizar o luto e a angústia que milhares de professores sentem por esta altura todos os anos quando saem as listas de colocação. Nas costas lê-se, num branco vivo a contrastar com o fundo preto, uma afirmação / declaração de um estado de espírito que tenta não esmorecer: "SOU PROFESSORA"! Uma quase declaração de guerra, uma vontade que tenta não esmorecer e dizer: estou aqui para cumprir as minhas funções, estou aqui para ensinar! Ao ombro esquerdo, do lado do coração, uma mala de mulher, um quase símbolo daquilo que todos temos de pessoal, uma marca da nossa vida privada que nos acompanha e que é também uma responsabilidade; na mão direita, uma pasta, que poderíamos interpretar como a vida profissional da qual os professores não se conseguem desligar, essa responsabilidade de educar e ensinar, essa vontade de contribuir para a formação dos jovens - tarefa não pequena! - que é um pouco daquilo que somos: somos professores. 
Esta professora está parada, aguarda, provavelmente observa, acompanha outros que não sabem também como será o dia de amanhã. Pensam nas famílias que têm de sustentar, refletem sobre as suas escolhas profissionais, sobre o desejo e o gosto que é ensinar - e aprender, não há professor que não aprenda qualquer coisa com os seus alunos, e se disser o contrário, mente - escondem a angústia da incerteza de não saber como serão os tempos próximos.
Soube-se ontem que houve menos 5147 professores colocados. Não são necessários e serão, por isso, dispensados como uma t-shirt velha que já não cumpre as suas funções. 
Não é um concurso de professores contratados que resolve os desafios da educação e do ensino, isso é inegável. Não é por ter mais professores colocados que os alunos irão aprender mais. Há todo um trabalho ainda por fazer e, para mudar o atual estado de coisas, há decisões difíceis a tomar. Provavelmente reduzir o número de professores, que poderiam contribuir para enriquecer as escolas, não é uma boa ideia. Um país que ainda não percebeu que a educação - ou a falta dela - são um dos pilares fundamentais de uma sociedade e de uma cultura não terá um futuro muito risonho. Aos professores, coragem!

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