sexta-feira, 25 de maio de 2012

Sobre as escolas

Foi aprovado, no último conselho de ministros, um novo diploma sobre a autonomia das escolas. Finalmente!
Confesso que ainda não li o documento, mas importa refletir sobre o que a comunicação social referenciou (ainda que com algumas cautelas, pois sabemos o quanto os media, ávidos de notícias rápidas e sensacionalistas, por vezes com intuitos mais obscuros que a simples informação do público, ampliam certos dados para que apareçam com outras cores aos olhos de quem lê).
Em primeiro lugar, estando em maio, aproximando-se o fim do ano letivo (com tudo o que isso acarreta a nível de avaliações dos alunos e demais tarefas burocráticas que assombram o dia a dia dos professores), estando perto da época de exames (que este ano incluem a novidade dos exames de 6º ano de escolaridade), os professores não terão tempo de fazer uma reflexão séria sobre o documento. 
Como consequência, as escolas não terão tempo de "digerir" as novidades nem de se adaptar com a serenidade que tais mudanças acarretam no seu funcionamento.
Se aprovamos o reforço da autoridade da figura do diretor e do conselho pedagógico, já nos causa mais preocupação a firmação do ministro da educação e ciência quando diz que " "O que queremos é que, progressivamente, o corpo de directores do país tenha maior formação específica em aspectos que têm a ver com gestão e não directamente com a docência", pois abre caminho a que este cargo possa ser ocupado por alguém que não seja professor. Se se compreende a preocupação com a trágica situação financeira do país - que dados do primeiro trimestre deste ano, há poucos dias divulgados, aprofundam -, já não podemos aceitar que usemos essa desculpa para alterar a dinâmica e a lógica pedagógica das escolas, onde se joga a educação dos nossos jovens, nem que seja em áreas como a educação que se jogue a saúde orçamental do país.
Importa ler o documento com pormenor para poder opinar com fundamento. Penso que as generalizações e o excesso do ruído pode enfraquecer a posição dos professores em questões fundamentais da nossa profissão.
Aguardemos ainda como este diploma será adaptado á realidade regional da Madeira (se é que ainda dispomos de qualquer autonomia nesse sentido).

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