segunda-feira, 9 de abril de 2012

O laranjal cá do sítio

 

Começo com um conto de fadas.
Era uma vez uma laranjeira que nasceu numa ilha paradisíaca, onde a água era abundante, onde o sol brilhava o ano quase todo e as temperaturas eram quase sempre primaveris. Nestas condições, a árvore cresceu formosa e espalhou-se pela ilha, formando um lindo e cobiçado laranjal: os frutos brotavam com frequência e todos queriam apanhar laranjas frescas e sumarentas.
Quando outras espécies tentavam avançar, o laranjal, zeloso do seu espaço e dos seus clientes acostumados, bania-as. Orgulhoso, o laranjal ocupou todos os espaços disponíveis e não deixou mais nenhuma árvore florescer: apenas laranjas, mais nada. 
Ano após ano, as laranjas frutificavam e as raízes estavam cada vez mais fortes e fundas, consumindo a água armazenada, água doce e bebível, fresca e disponível para todos.
Até que a água começou a faltar. O laranjal continuou a afundar mais as suas raízes em busca do líquido precioso e não encontrava água para se abastecer. As mãos que tentavam apanhar laranjas levavam logo uma cacetada para não voltarem a cobiçar laranjas alheias. Mesmo entre as laranjas, começou uma guerra silenciosa, pois cada uma queria ocupar mais espaço, ter mais protagonismo, ser a laranja mais poderosa e cobiçada do laranjal.
Até que o laranjal começou a dar sinais de estar a secar. Outras laranjeiras tentaram ocupar o lugar central e mandar no laranjal lá do sítio, mas a árvore mais velha e soberana lá do sítio continuava a não deixar. 
Finalmente tudo secou. As laranjeiras e os que delas dependiam. O sumo acabou e toda a gente ficou triste e morreram à fome e à sede.
Não era propriamente este o final ideal para esta história (puramente fictícia, diga-se, sem qualquer semelhança com a realidade nem qualquer analogia política possível).
Não quero nem vou fazer deste espaço um painel de propaganda política de qualquer espécie. Mas quando vi este cartoon no "Diário de Notícias" da Madeira não pude deixar de partilhar.
Fica a reflexão.


1 comentário:

rui disse...

A bela da reflexão :)